Augusto & Lea - Um caso de (Des) Amor em tempos modernos



Augusto & Lea - Um caso de (Des) Amor em tempos modernos - José Carlos Sebe e B. Meihy

“A vida é um obscuro advérbio de tempo” Abgar Renault

Nunca pensei que a transcrição da oralidade pudesse ser tão difícil. Ouvir é sempre difícil, ainda mais quando nossos ouvidos devem além de captar a fala, compor junto com os olhos todo o contexto da situação. A história de Lea não é diferente de parte das mulheres do Brasil. Mulheres que são educadas para serem, como disse Martha, bonecas de luxo. Que sua independência é a cerca da escolha do modelito que deverá usar em determinada reunião. Mulheres que se curvam perante o marido não por achá-lo todo poderoso ou dono da situação, mas por respeitá-los demais para ousarem interferir na sua rotina. A outra parte são mulheres que não puseram seus sutiens para queimarem, mas que agarraram suas vidas em prol da voz ativa, mulheres que são pães, pai e mãe, que abandonadas pelos seus “amores” criam seus filhos a duras penas. Há ainda um terceiro grupo, as que se aproveitam da situação confortável a qual vivem. Sabem das traições dos maridos, mas sentem-se confortáveis no banco do carro de luxo, ou atrás do cartão de crédito sem limite. Infelizmente o destino de muitas é sempre igual. São contaminadas pela sociedade, não somente pela AIDS, mas por tantas outras doenças típicas do século XXI. Léa foi vítima do roubo, como no livro Caçadores de Pipa, Lea teve a vida e a dignidade roubada pelo homem que jurou amor e fidelidade a ela. Um homem que como tantos, escondem atrás da aliança matrimonial, as desventuras amorosas e sexuais. Não assumir o que se é, é covardia, omissão, vulgaridade. Augusto pode ter sido sim vítima de um processo não escolhido por ele, mas se não tenho coragem de assumir minha condição, passo a ser autor de processos mortais. Assim não só contamino uma pessoa, mas todos os que estão envolvidos pelo laço parental. Uma leitura profunda com ilustrações bastante pontuais que vale a pena conferir.

1 comentários:

Anônimo 8 de outubro de 2009 às 11:11  

Muitas desses situações acontecem porque a sociedade ainda trata a mulher como um caso a parte e apesar dela ter seue spaço ainda está longe de vencer o preconceito, que muitas vezes até mesmo nós temos, quem nunca diante de uma babeiragem no trânsito, olhou e disse ´´ só podia ser mulher mesmo´´ ou então ´´ mulher deveria era pilotar fogão´´e por ai vai... não basta apenas elas lutarem pelo seu espaço tem que se unificar pra acabar com o preconceito.